Estava aqui pensando.
Acordamos com o celular no travesseiro e dormimos com ele na mão. Enquanto escovamos os dentes, já estamos deslizando o dedo pelas notificações. O mundo se transformou numa tela infinita onde tudo é urgente, tudo é opinável, tudo é demais. Estamos exaustos — não de trabalhar, mas de estar o tempo todo disponíveis. Cansados de viver para registrar, de sorrir para a câmera e esquecer do espelho.
As redes sociais, que prometiam conexão, muitas vezes nos entregam comparação, ruído e uma ansiedade silenciosa. A cada rolagem, um pedaço da nossa atenção se dissolve. A cada curtida, uma migalha de validação. E, no fundo, vamos nos perdendo de nós mesmos.
Vivemos num mundo hiperconectado, mas desconectado de coisas simples: do cheiro do café pela manhã, de um papo sem interrupções, de um passeio sem pressa. Trocam-se conversas por comentários. Silêncio virou desconforto. Ausência virou desinteresse.
Não é sobre demonizar a tecnologia — ela é ferramenta, não vilã. Mas quando o uso vira dependência, quando a mente nunca mais descansa, é hora de pausar. Talvez o verdadeiro luxo hoje seja estar offline. Sentar sem pressa, conversar sem notificação, viver sem se explicar tanto.
Desligar-se não é se excluir do mundo, mas se reencontrar dentro dele. Quem sabe o que estamos buscando não esteja em mais uma postagem, mas numa pausa. Numa tarde sem Wi-Fi. No descanso da alma.
Só um desabafo, você se sente assim também?